terça-feira, 1 de novembro de 2011

Bossa Nova



     Com todo o desenvolvimento do Brasil nesse período dos Anos Dourados, surge na sociedade brasileira uma nova classe social econômica, uma classe média alta com maior poder aquisitivo, morando em prédios de apartamentos em bairros como Ipanema e Copacabana e com filhos na universidade..


     Esta nova classe social buscará criar um novo tipo de música, mais sofisticada que os boleros e samba-canções que dominaram o cenário até então. Esse novo gênero foi denominado de Bossa Nova com o objetivo de se diferenciar daquele samba mais tradicional, caracterizado por ser um gênero puramente nacional, o qual não tinha influências culturais estrangeiras.
     O propósito desta nova raiz do samba, segundo Naves (2000), era de “defender uma postura internacionalista e moderna na música popular, em contraposição aos ideólogos do 'nacional-popular'”.



     Os autores da Bossa “são unânimes em atribuir a João Gilberto uma postura que valoriza a contenção, contrária ao emocionalismo excessivo da música popular das décadas de 40 e 50” além de trazer para a MPB “manifestações estéticas dos anos 50, como a poesia concreta e a arquitetura de Oscar Niemeyer”.



     A Bossa Nova se apropria de técnicas do cool Jazz americano e da música clássica, num gesto de devoração antropofágica, como propunha Oswald de Andrade, tendo como resultado um estilo que mescla o elemento estrangeiro com a tradição da música popular brasileira e produz uma música para exportação.
     Outra característica peculiar da Bossa é a maneira de cantar baixinho, com clareza e calma, a razão disto é pelo fato de que a juventude bossa novista morava em apartamentos no Rio de Janeiro, onde não se podia cantar muito alto e, além do mais, cantar em um tom menor e mais coloquial se contrapunha ao estilo operístico e grandiloquente dos grandes intérpretes do período anterior.
     Nas cancões de João Gilberto, “Samba de uma nota só” e “Desafinado,” encontramos manifestações estéticas da poesia concreta. Na primeira o autor começa cantando somente em uma nota musical até que em um determinado momento o cantor anuncia a substituição desta nota por outra e paralelamente o que é dito acontece na plano musical. Na segunda, acontece da mesma forma, quando, num momento exato, João Gilberto pronuncia a silaba tônica da palavra “desafinado” e ocorre no plano da música uma nota fora dos padrões harmônicos da convencional.
     De acordo com Naves (2000),
Outro procedimento que caracteriza as duas composições, colocando-as em correspondência com o tipo de sensibilidade da poesia concreta é a maneira cool de se lidar com a temática amorosa. Em “desafinado”, por exemplo, a pretexto de uma arenga sentimental, discute-se, na verdade, uma questão estética (p.36).