quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Marcha contra a guitarra - Tropicalismo


No final dos anos sessenta, havia uma divergência em relação à influência estrangeira. Para a ala mais conservadora, o instrumento representava a invasão da cultura pop estrangeira. Para outros, era uma necessidade de incorporar novas tendências musicais. Alguns como Caetano Veloso e Gilberto Gil o fizeram de maneira crítica, ou de maneira antropofágica, como propunha Oswald de Andrade, isto é, devorando o elemento estrangeiro e produzindo uma música brasileira para exportação. "Ao trazerem as guitarras, Gil e Caetano rompem com a MPB tradicional", conta Renato Terra. Para ele, é quando surge a semente do Tropicalismo. A indisposição à guitarra chegou a provocar uma marcha de protesto contra o instrumento, surpreendentemente acompanhada, inclusive, por Gilberto Gil. "Hoje, reconheço que foi ridículo", admite Sérgio Cabral, que participou do manifesto. Há também histórias pouco conhecidas, como a "amarelada" de Gil, pouco antes da grande final. "Estava agoniado, não queria competir, não é da minha natureza", explica. O músico foi resgatado no hotel duas horas antes do início do programa.



Uma Noite em 67 faz um merecido resgate do ápice de uma época, entre 1965 e 1972, que ficou conhecida como a Era dos Festivais, organizados pelas TVs Record, Excelsior, Globo e TV Rio em forma de programas de auditório. Um recorte rápido e limitado, mas a iniciativa é louvável, sobretudo em um País tão carente de memória acerca de sua história cultural. A tal passeata contra a guitarra elétrica se revela hoje um movimento infantil, bobalhão, como sugerem Caetano e o próprio Gil no documentário. Até mesmo “idiota”, como diz o jornalista Sérgio Cabral, jurado no Festival da Record de 1967. Resgatar essa história, no entanto, revela muita coisa sobre a música brasileira.


O iê-iê-iê



O programa Jovem Guarda estreou em 1965, apresentado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa. O programa de tevê acabou gerando o movimento com o mesmo nome, onde os jovens tiveram pela primeira vez um espaço, permitindo-lhes uma identidade própria, pois foi a primeira vez que se era dedicada aos adolescentes uma parte do cenário cultural.



Além dos discos e dos programas de televisão, Roberto, Erasmo e Wanderléa atuaram em filmes de aventura como Roberto Carlos em ritmo de aventura e O diamante cor-de-rosa, que popularizavam ainda mais esses novos ídolos com suas roupas extravagantes e as suas músicas, que invariavelmente tratavam de temas lírico-amorosos e eram fortemente influenciadas por grupos estrangeiros como os Beatles.




A canção de protesto

Uma das formas de reação à americanização da música popular brasileira foi a canção de protesto, nascida da crise política decorrente da renúncia de Jânio Quadro e do desgoverno de João Goulart. A elevadíssima inflação desse período agravou os desequilíbrios de nossa sociedade e criou ambiente para que agitadores do todo o gênero buscassem a derrubada do sistema democrático brasileiro.

Depois de depor o presidente João Goulart, "convencer" o Congresso a eleger o general Castelo Branco, aumentar o poder do executivo e desmantelar os possíveis focos de resistência ao golpe - como movimentos estudantis e partidos políticos identificados como o comunismo - o governo militar resolve atacar no front econômico.

A música política representou muitas das ideias que reuniram os estudantes universitários nas manifestações, buscando ser um instrumento de resistência ao regime autoritário. Como um dos veículos de propaganda mais eficazes é a música, sobretudo quando ela se divulga pelo rádio e televisão.





Anos Sessenta - Os Festivais




Os festivais inicialmente surgiram através da cobertura da extinta TV Excelsior paulista. Os grandes festivais tiveram prosseguimento com a produção da TV Record em seu período de auge de audiência. Mas a TV Record, após incêndios danosos em suas instalações, não puderam prosseguir com produções do mesmo nível, gerando inclusive sinais de grande crise nos festivais, que foram, nas suas últimas versões, produzidos pela antiga TV Rio. De 1966 a 1972 aconteceu no Rio de Janeiro o Festival Internacional da Canção (FIC) que aconteciam em duas fases: a nacional e a internacional cujo vencedor levava o Galo de Ouro.



Milagre Brasileiro


Na área econômica o país crescia rapidamente no período que vai de 1969 a 1973. O PIB brasileiro crescia a uma taxa de quase 12% ao ano, enquanto a inflação beirava os 18%.

Com investimentos internos e empréstimos do exterior, o país avançou e estruturou uma base de infraestrutura. Todos estes investimentos geraram milhões de empregos pelo país. Algumas obras, consideradas faraônicas, foram executadas, como a Rodovia Transamazônica e a Ponte Rio-Niteroi.



Porém, todo esse crescimento teve um custo altíssimo e a conta deveria ser paga no futuro. Os empréstimos estrangeiros geraram uma dívida externa elevada para os padrões econômicos do Brasil.


Os anos de chumbo





Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente: o general Emílio Garrastazu Medici. Seu governo é considerado o mais duro e repressivo do período, conhecido como "anos de chumbo". 

A repressão à luta armada cresce e uma severa política de censura é colocada em execução. Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes, músicas e outras formas de expressão artística são censuradas. Muitos professores, políticos, músicos, artistas e escritores são investigados, presos, torturados ou exilados do país. O DOI-Codi (Destacamento de Operações e Informações e ao Centro de Operações de Defesa Interna ) atua como centro de investigação e repressão do governo militar.






O Ato Institucional número 5




O período militar começou com emissão dos atos institucionais, os quais decretavam novas leis que concediam poderes importantes aos presidentes. O Ato Institucional número 5 foi o quinto decreto emitido pelo governo militar brasileiro e é considerado o mais duro golpe na democracia, porque deu poderes quase absolutos ao regime militar. Determinações mais importantes do AI 5:

- Concedia poder ao Presidente da República para dar recesso a Câmara dos Deputados, Assembléias Legislativas (estaduais) e Câmara de vereadores (Municipais);

- Concedia poder ao Presidente da República para intervir nos estados e municípios, sem respeitar as limitações constitucionais;

- Concedia poder ao Presidente da República para suspender os direitos políticos, pelo período de 10 anos, de qualquer cidadão brasileiro;

- Concedia poder ao Presidente da República para dar recesso a Câmara dos Deputados, Assembléias Legislativas (estaduais) e Câmara de vereadores (Municipais);

- Concedia poder ao Presidente da República para intervir nos estados e municípios, sem respeitar as limitações constitucionais;

- Concedia poder ao Presidente da República para suspender os direitos políticos, pelo período de 10 anos, de qualquer cidadão brasileiro;




DITADURA MILITAR (1964 a 1985) - Golpe de 64


A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart, que assumiu a presidência num clima político adverso. O governo de João Goulart (1961-1964) foi marcado pela abertura às organizações sociais, compostas por estudantes, organizações populares e trabalhadores, que ganharam espaço, causando a preocupação das classes conservadoras como, por exemplo, os empresários, banqueiros, Igreja Católica, militares e classe média (aquela se formou no período dos Anos Dourados). Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado socialista. Vale lembrar, que neste período, o mundo vivia o auge da Guerra Fria.

Este estilo populista e de esquerda, chegou a gerar até mesmo preocupação nos EUA, que junto com as classes conservadoras brasileiras, temiam um golpe comunista. No dia 13 de março, João Goulart realizou um grande comício no Rio de Janeiro, onde defendeu as Reformas de Base prometendo mudanças radicais na estrutura agrária, econômica e educacional do país.

No mesmo mês, de um lado, manifestações de apoio popular e comícios a favor das reformas levaram milhares às ruas para expressar apoio ao presidente. De outro lado, os conservadores organizaram uma manifestação contra as intenções de João Goulart, foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu milhares de pessoas pelas ruas do centro da cidade de São Paulo o que evidenciou a articulação deste grupo aliado aos militares para afastar Jango do poder.

Os militares chamaram o golpe de revolução e o justificou afirmando que Goulart estava transformando o Brasil em um país comunista, principalmente porque ele prometia implantar um conjunto de mudanças que incluía a reforma agrária.

Depois de entregar um manifesto exigindo a renúncia de Goulart, as tropas militares ocuparam partidos políticos, sindicatos e quem mais apoiasse as reformas. A sede da UNE (União Nacional dos Estudantes) foi incendiada. Sem poder de reação, o presidente se refugiou em Porto Alegre, sua terra natal, onde ficou até o dia 2 de abril. Ele então se exilou no Uruguai.

Os presidentes do período Militar foram: Castello Branco (1964 – 1967); Costa e Silva (1967 – 1969); Emílio Médici (1969-1974); Ernesto Geisel (1974 – 1979); João Figueiredo (1979 – 1985).