quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
sábado, 26 de maio de 2012
O Samba de Partido Alto
De acordo com a Enciclopédia da Música Brasileira, "samba de partido-alto é um gênero do samba surgido no início do século XX conciliando formas antigas (o partido-alto baiano, por exemplo) e modernas do samba-sança-batuque, desde os versos improvisados à tendência de estruturação em forma fixa de canção, e que era cultivado inicialmente apenas por velhos conhecedores dos segredos do samba-dança mais antigo, o que explica o próprio nome do partido-alto (equivalente da expressão moderna "alto-gabarito"). Inicialmente caracterizado por longas estrofes ou estâncias de seis e mais versos, apoiados em refrões curtos, o samba de partido-alto ressurge a partir da década de 1940, cultivado pelos moradores dos morros cariocas, mas já agora não incluindo necessariamente a roda de dança e reduzido à improvisação individual, pelos participantes, de quadras cantadas a intervalos de estribilhos geralmente conhecido de todos".[3]
O partido-alto na década de 1970 sofreria outras modificações até servir de combustível para o movimento conhecido por pagode de raiz. Antes, pagode era o nome dado no Brasil, pelo menos desde o século XIX, a habituais reuniões festivas, regadas a música, comida e bebida. E nos pagodes, a música tocada era o samba, especialmente a vertente partido-alto. O estilo de partido-alto com versos realmente improvisados vem caindo em desuso, não só pela diminuição de rodas de samba, como pela facilidade de repetir versos pré-elaborados, gravados e difundidos via álbuns, rádio, televisão, entre outros. Não obstante, a tradição se mantém com alguns sambistas absorvidos pela indústria fonográfica, como Zeca Pagodinho, Dudu Nobre e Arlindo Cruz, entre outros.
A arte dos versadores de partido-alto foi registrada em alguns trabalhos. O mais famoso deles é o documentário "Partido-Alto", de Leon Hirszman. Este filme foi gravado em 1976 e ancorado no sambista Candeia.
[3] MARCONDES, Marcos Antônio. Enciclopédia da música brasileira - erudita, folclórica e popular. 1. ed. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural, 1977
terça-feira, 22 de maio de 2012
O Lundu: uma representação do ato sexual no movimento
O lundu, ou lundum, é um gênero musical contemporâneo e uma dança brasileira de natureza híbrida, criada a partir dos batuques dos escravos bantos trazidos ao Brasil de Angola e de ritmos portugueses. Da África, o lundu herdou a base rítmica, uma certa malemolência e seu aspecto lascivo, evidenciado pela umbigada, os rebolados e outros gestos que imitam o ato sexual. Da Europa, o lundu, que é considerado por muitos o primeiro ritmo afro-brasileiro, aproveitou características de danças ibéricas, como o estalar dos dedos, e a melodia e a harmonia, além do acompanhamento instrumental do bandolim.
O lundu veio para o Brasil com os negros de Angola, por duas vias, passando por Portugal, ou diretamente da Angola para o Brasil. Em Portugal recebeu polimentos da corte, como o uso dos instrumentos de corda, mas fora proibida por D. Manuel ao ser “contrária aos bons costumes”. Já a vinda direta da Angola para o Brasil recuperou o acento jocoso, mordaz e sensual que incomodara a sociedade lisbonense.
Aparece
no Brasil no século XVIII como uma dança sem cantoria e de
"natureza licenciosa", para os padrões da época. Nos
finais do século XVIII, presente tanto no Brasil como em Portugal, o
lundu evolui como uma forma de canção urbana, acompanhada de
versos, na maior parte das vezes de cunho humorístico e lascivo,
tornando-se uma popular dança de salão.
Durante
todo o século XIX, o lundu é uma forma musical dominante, e o
primeiro ritmo africano a ser aceito pelos brancos. Neste período,
surgem os mais importantes compositores que representam esta forma
musical e a viola é adotada entre os instrumentos de corda
utilizados.
O
lundu sai de evidência no início do século XX, mas deixa seu
legado, principalmente no que tange ao ritmo sincopado, no maxixe
(outro forma musical híbrida urbana que também deve suas origens à
polca e à habanera). Musicólogos defendem que no lundu, como o
primeiro ritmo afro-brasileiro em formato de canção e fruto de um
sincretismo, está a origem do samba, via o maxixe, mas há
controvérsias quanto a esse ponto. Uma modalidade do lundu, a dança
de roda, ainda é praticada na Ilha de Marajó e nos arredores de
Belém, no estado do Pará, recentemente grupos culturais do entorno
do DF (região limítrofe do DF e de Goiás) reiniciaram essa
prática.
O
lundu na suas origens tinha sistemática simples, a qual ainda
podemos observar na dança de roda, sua familiaridade (músicos
iniciam o ritmo Lundu, as pessoas que querem dançar aproximam-se, já
entrando na dança, um sinal da viola é emitido e a primeira
dançadora abre espaço no centro da roda que logo se forma com o
grupo); Forma-se a roda e ela fica no centro dançando até convidar
alguém para substituí-la (o convite pode ser uma batida de pé
diante da pessoa, palmas diante da pessoa, uma umbigada ou um toque
de ombros à esquerda e em seguida outro à direita); A dançadora
convidada vai para o centro dançar (dança no centro até escolher
quem vai substituí-la, pode ser uma mulher ou um homem e as
substituições continuam por várias vezes).
Quando
está no meio da roda, o dançador faz evoluções inteiramente
relaxado, braços caídos ao longo do corpo, pernas meio fletidas,
mantendo um sapateio em que a planta do pé bate inteiramente no
chão, ao ritmo da música. A predominância dos dançadores é de
mulheres. Homens em geral ficam apenas olhando ao redor, mas ao serem
convidados vão para o centro dançar. Se ao sair convidam uma
dançadora com umbigada, faz-se grande algazarra no grupo. Não se
registra umbigada de homem em homem, mas entre mulheres há umbigada
indistintamente em outra mulher ou em homem. Em várias documentações
consultada há referência de proibição da umbigada entre parentes
próximos – pai e filha, padrinho e afilhada – Pode-se concluir
que há aí uma representação do ato sexual no movimento.
Maxixe: o “Tango Brasileiro”
O Maxixe (também conhecido como Tango brasileiro) é um tipo de
dança de salão brasileira criada pelos negros que esteve em moda
entre o fim do século XIX e o início do século XX. Dançava-se
acompanhada da forma musical do mesmo nome, contemporânea da polca e
dos princípios do choro e que contou com compositores como Ernesto
Nazareth e Patápio Silva. Mas o maior nome na composição de
maxixes foi, sem dúvida, o da maestrina Chiquinha Gonzaga.
Teve a sua origem no Rio de Janeiro na década de 1870, mais ou
menos quando o tango também dava os seus primeiros passos na
Argentina e no Uruguai, do qual sofreria algumas influências.
Dançada a um ritmo rápido de 2/4, notam-se também influências do
lundu, das polcas e das habaneras.
O ritmo, segundo hipótese levantada por alguns estudiosos, foi
influenciado pela música trazida por escravos de Moçambique, daí
advindo seu nome, que é o nome de uma cidade moçambicana. Ainda
hoje, o padrão rítmico da Marrabenta (música moçambicana) guarda
semelhanças com os padrões rítmicos do maxixe.
Hoje, o gênero musical chamado maxixe ou tango brasileiro é
considerado um subgênero do choro. Porém, no fim do século XIX e
começo do XX, a palavra "choro" designava não um gênero,
mas certos conjuntos musicais (compostos de flauta, cavaquinho e
violôes) que animavam festas (forrobodós) tocando polcas, lundus,
habaneras e mazurcas e outros gêneros estrangeiros de uma maneira
sincopada (que acabou sendo nomeado como gênero, o "choro").
O tango Brasileiro foi criado pelos chorões como uma variante
altamente sincopada da habanera, gênero cubano que também era
chamado tango-habanera (o primeiro uso da palavra "tango" é
datado de 1923, em Havana), e que na sua variante brasileira passou a
ser chamado tango brasileiro. Na sua forma de música de dança
passou a ser chamado de maxixe, que era alvo de fortes preconceitos
das elites da época, porque consideravam-no indecente, chegando
mesmo a proibi-lo. Dava-se o nome de "Tango Brasileiro"
para se esconder a relação com o maxixe dessas composições.
Alguns relatos afirmam também uma diferença com relação a
harmonia, sendo a do Tango Brasileiro (como os de Ernesto Nazareth)
um pouco mais complexa do que de seu "irmão", o Maxixe.
Na atualidade, o maxixe, enquanto dança, ainda existe nos passos do
samba de gafieira, cuja música (que é um tipo de samba extremamente
sincopado, por exemplo, o samba de breque e o samba-choro) também
preserva muitas estruturas rítmicas do maxixe. Tal como o tango
argentino, este estilo foi também exportado para a Europa e Estados
Unidos da América, no início do século XX. O samba e a lambada são
dois exemplos de danças que devem algumas contribuições de estilo
ao Maxixe.
Jongo, o “avô do samba”
Jongo é
uma manifestação cultural de africanos essencialmente rural
diretamente associada à cultura africana no Brasil e que influiu
poderosamente na formação do samba carioca, em especial, e da
cultura popular brasileira como um todo. Segundo os jongueiros, o
jongo é o "avô" do samba.
Inserindo-se
no âmbito das chamadas 'danças de umbigada' (sendo portanto
aparentada com o 'Semba' ou 'Masemba' de Angola), o Jongo foi trazido
para o Brasil por negros bantu, sequestrados para serem vendidos como
escravos nos antigos reinos de Ndongo e do Kongo, região
compreendida hoje por boa parte do território da República de
Angola.
Composto
por música e dança características (jongoo), animadas por poetas
que se desafiam por meio da improvisação, ali, no momento, com
cantigas ou pontos enigmáticos, o Jongo tem, provavelmente, como uma
de suas origens (pelo menos no que diz respeito à estrutura dos
pontos cantados) o tradicional jogo de adivinhas angolano, denominado
Jinongonongo.
Apesar de
ser uma expressão da religião, mantém como um traço essencial de
sua linguagem a presença de símbolos que possuem função
supostamente mágica ou sagrada, provocando, segundo se acredita,
fenômenos mágicos. Desse modo, o fogo serve para afinar os
instrumentos e também para iluminar as almas dos antepassados; os
tambores são consagrados e considerados como ancestrais da própria
comunidade; a dança em círculos com um casal ao centro remete à
fertilidade; sem esquecer, é claro, as ricas metáforas utilizadas
pelos jongueiros para compor seus "pontos" e cujo sentido
permanece inacessível para os não-jongueiros.
Dançado
e cantado outrora com o acompanhamento de urucungo (arco musical
bantu, que originou o atual berimbau), viola e pandeiro, além de
três tambores consagrados, utilizados até os nossos dias, chamados
de Tambu ou 'Caxambu', o maior - que dá nome a manifestação em
algumas regiões - 'Candongueiro', o menor e o tambor de fricção
'Ngoma-puíta' (uma espécie de cuíca muito grande), o Jongo é
ainda hoje bastante praticado em diversas cidades de sua região
original: o Vale do Paraíba na Região Sudeste do Brasil, ao sul do
estado do Rio de Janeiro e ao norte do estado de São Paulo e Região
das Minas e das fazendas de Café em Minas Gerais, onde também é
chamado "Caxambu".
quinta-feira, 17 de maio de 2012
Diálogos interdisciplinares através das letras da música popular brasileira
Horário: das 8:30h às 12:00h
Inscrições: sergio.massagli@uffs.edu.br informando os seguintes dados: RG, CPF, Número de telefone, endereço de e-mail e nome completo.
Temas da Primeira Oficina:
- Do morro ao asfalto, da periferia ao centro: o trajeto do Samba.
- Brasil, meu Brasil brasileiro: ufanismo e exaltação na Era Vargas.
- Ari Barroso e Carmem Miranda: samba made in Brazil.
quarta-feira, 4 de abril de 2012
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