Foi um combate musical que teve inicio em 1933, quando o compositor Wilson Batista lançou o samba “Lenço no Pescoço”, no qual proclamava seu orgulho em ser vadio e associava a imagem do sambista a malandragem.
O compositor Noel Rosa sentiu-se incomodado com a associação e mandou logo uma resposta bem direta, compondo “Rapaz Folgado”.
Wilson Batista sentiu-se ofendido pelo golpe inesperado e reagiu com o samba “Mocinho da Vila”:
“Se não quiser perder o nome
Cuide de seu microfone
E deixe quem é malandro em paz...”
A elegante resposta de Noel Rosa veio com o “Feitiço da Vila”, parceria com o pianista Vadico.
"Lá, em Vila Isabel,
Quem é bacharel
Não tem medo de bamba.
São Paulo dá café,
Minas dá leite,
E a Vila Isabel dá samba."
Quem é bacharel
Não tem medo de bamba.
São Paulo dá café,
Minas dá leite,
E a Vila Isabel dá samba."
Wilson Batista volta ao ataque com “Conversa Fiada”.
"É conversa fiada dizerem que o samba na Vila tem feitiço
Eu fui ver para crer e não vi nada disso
A Vila é tranqüila porém eu vos digo: cuidado!
Antes de irem dormir dêm duas voltas no cadeado"
Eu fui ver para crer e não vi nada disso
A Vila é tranqüila porém eu vos digo: cuidado!
Antes de irem dormir dêm duas voltas no cadeado"
Mas mexer com a querida Vila Isabel de Noel Rosa foi o erro fatal, pois isso acabou sendo responsável pela composição de uma de uma das maiores obras primas do nosso samba, “Palpite Infeliz”.
"Quem é você que não sabe o que diz?
Meu Deus do Céu, que palpite infeliz!
Salve Estácio, Salgueiro, Mangueira,
Oswaldo Cruz e Matriz
Que sempre souberam muito bem
Que a Vila Não quer abafar ninguém,
Só quer mostrar que faz samba também"
Meu Deus do Céu, que palpite infeliz!
Salve Estácio, Salgueiro, Mangueira,
Oswaldo Cruz e Matriz
Que sempre souberam muito bem
Que a Vila Não quer abafar ninguém,
Só quer mostrar que faz samba também"
Wilson Batista compõe “Frankenstein da Vila”,mas, apesar da violência da resposta, confessou-se arrependido por ter se aproveitado da feiura de Noel Rosa (trata-se de uma má formação no maxilar devido ao parto).
A disputa ainda rendeu algumas algumas réplicas como “João ninguém” de Noel Rosa e “Terra de cego” de Wilson Batista, mas o duelo já dava mostras de não possuir mais a mesma intensidade de antes. Os dois compositores já estavam virando amigos.
Pouco tempo depois, em 1937, morreu o jovem Noel Rosa, aos 26 anos, mas não sem antes compor junto com o amigo rival. Com certeza, quem mais saiu ganhando nesse duelo foi a Musica Popular Brasileira.
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